Cora Coralina, ou Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nasceu em 20 de agosto de 1889, em Goiás Velho. Talvez o nome não seja tão conhecido quanto deveria, mas a força e a simplicidade dos seus versos conquistaram muitos corações, transformando-a em uma das figuras mais amadas da literatura brasileira. Se estivesse viva hoje, Cora completaria 135 anos, e sua poesia continua tão viva quanto naquela época em que ela começou a escrever, já idosa, mas cheia de vida e sabedoria.
Uma Vida de Simplicidade e Poesia
Cora cresceu em Goiás Velho, uma cidadezinha histórica no coração do Brasil. Desde pequena, ela se interessou pela escrita, mas sua vida a levou por outros caminhos. Casou-se cedo, dedicou-se à família, e passou grande parte da vida como dona de casa e doceira. E que doceira! As receitas de Cora eram famosas, tanto quanto sua habilidade com as palavras.
Foi apenas aos 75 anos que Cora publicou seu primeiro livro, “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”. Isso mesmo, 75 anos! Ela é a prova de que nunca é tarde para correr atrás dos nossos sonhos. Suas poesias são como janelas para a vida do interior, mostrando a beleza do cotidiano, as tradições e o valor das coisas simples.
Curiosidades sobre Cora Coralina
Doçura na Vida e na Cozinha: Antes de ser reconhecida como poetisa, Cora era conhecida por seus doces. Ela preparava quitutes típicos do interior brasileiro, que eram tão ricos quanto sua poesia. Dizem que os doces dela eram tão famosos quanto suas palavras.
Uma Casa Cheia de História: Cora viveu em uma casa simples, às margens do Rio Vermelho, em Goiás Velho. Hoje, essa casa é um museu que preserva suas memórias e sua obra, um lugar que respira poesia e história.
O Reconhecimento: Apesar de sua publicação tardia, Cora ganhou notoriedade, em grande parte, graças ao poeta Carlos Drummond de Andrade, que se encantou com seus versos e ajudou a divulgar seu trabalho. Drummond a considerava uma das figuras mais importantes da literatura brasileira.
Influências e Estilo: Mesmo longe dos grandes centros literários, Cora se inspirou em autores como Monteiro Lobato e Guimarães Rosa. Mas ela criou um estilo próprio, com uma linguagem direta e acessível, que falava direto ao coração das pessoas.
A Obra e o Legado de Cora Coralina
Os poemas de Cora Coralina são marcados por uma simplicidade que só quem viveu intensamente pode transmitir. Ela escrevia sobre a vida rural, o amor, a velhice, a morte, e especialmente sobre a experiência de ser mulher no interior do Brasil.
Alguns de seus livros mais conhecidos são:
“Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais” (1965)
“Meu Livro de Cordel” (1976)
“Vintém de Cobre: Meias Confissões de Aninha” (1983)
“Tesouro da Casa Velha” (1996, póstumo)
Além de ser uma grande poetisa, Cora era uma observadora crítica da sociedade. Ela escreveu sobre desigualdade social, a vida no campo e as injustiças que presenciou. Seu olhar atento e sensível fez dela uma voz poderosa na literatura brasileira, uma defensora da simplicidade e da verdade.
A Casa de Cora Coralina
Hoje, a casa onde Cora viveu em Goiás Velho é um museu que preserva não só sua obra, mas também a história da região e as tradições que a inspiraram. Visitar o Museu Casa de Cora Coralina é como fazer uma viagem no tempo, conhecendo de perto a vida e o universo da poetisa.
A Conexão com a Natureza
Cora tinha uma ligação especial com a natureza, que se reflete em sua poesia. Elementos como a terra, o rio e as plantas aparecem frequentemente em seus versos, simbolizando a renovação, a resistência e a simplicidade que ela tanto valorizava.
Conclusão
Cora Coralina é mais do que uma poetisa, ela é um símbolo de resistência e de amor pela vida simples. Sua história nos ensina que não importa a idade ou as circunstâncias, sempre é possível realizar nossos sonhos. Seus versos continuam a tocar quem se deixa levar pela beleza do cotidiano e pela profundidade das pequenas coisas.
"Assim eu Vejo a Vida"
A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Cora Carolina
תגובות