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Pandemônio

Respiro fundo uma, duas, três vezes. Pensar em sair de casa, meu coração bate mais rápido e eu começo a transpirar. Se eu pudesse ficar presa na minha segurança, minha vida seria muito mais fácil, mas é impossível. Por isso, uma vez na semana  saio da minha proteção e me exponho no mercado.  Coloco máscara, luvas e saio. E a partir desse momento preciso seguir minha nova rotina. Aperto o botão para chamar o elevador, álcool em gel nas mãos, mesmo com luvas. Toco no botão para descer, álcool em gel de novo. Toco a maçaneta para sair do prédio, álcool em gel. Nem meu carro está livre do meu novo melhor amigo. Pego no potinho e limpo o volante, em seguida, uso spray desinfectante no assento. Só depois disso, é que entro em meu carro e vou para o segundo suplício do dia.

Ainda não estou acostumada com o que vejo ao estacionar em frente ao supermercado. Às vezes acho que estou em um pesadelo. Uma fila quilométrica do lado de fora estava formada, todos taciturnos e iguais a mim, de máscara. Estava frio e aquela imagem fez eu me sentir mais gelada. E enquanto vou para o final da fila, reclamando baixinho de toda a situação, me pergunto se todos haviam tirado o mesmo dia que eu para fazer suas compras. Minha pele coça, só de pensar que eu poderia esbarrar em alguém, apesar de todos se esforçarem para respeitar o distanciamento social.

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