
Amaldiçoada
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AMALDIÇOADA
— Meu Deus Laila, para com isso, por favor! O que você está fazendo? Assim você vai matar ele, larga esse travesseiro!
— Eu não posso permitir...não posso.
— Não pode o quê? O que ele fez? Solta ele!
— Está começando Carol, olha isso aqui...olha essa caixa...olha o que ele fez com esses pássaros. Eu não posso permitir! Eu já sabia...eu não quis acreditar nela. Não sei por que deixei que chegasse a esse ponto...
— Daniel sai daqui, vai para o seu quarto agora e fique lá. Não sai até eu mandar.
— Olha, olha para ele...você viu o olhar dele? Ele está rindo Carol, ele está rindo, você viu?
— Bia, preciso que você se acalme e me diga o que está acontecendo. Você está parecendo uma louca. O que aconteceu aqui?
Eu não conseguia falar, nada saia da minha boca. Eu apenas balança a cabeça para ver se tudo aquilo desaparecia e torcendo para voltar no tempo e escolher um outro caminho a tomar. Carol me olhava incrédula e dava para ver em seus olhos o quanto preocupada ela estava.
Será que ela está achando que eu fiquei louca. Talvez eu tenha. Não eu não estou louco. O será que estou?
— Tenta se acalmar, vou ver como o Dani está. Depois você vai me contar exatamente o que está acontecendo para que eu possa te ajudar.
Eu andava de um lado para o outro, apertando minhas mãos, tentando me controlar, enquanto Carol ia em direção ao corredor cheio de porta retratos e entrando na primeira porta a direita. Eu sabia que precisava desabafar com alguém, mas não conseguia perceber por onde eu poderia começar e só de pensar nisso, era loucura demais para alguém acreditar. Mas Carol era minha amiga há muito tempo e sabia quando eu estava dizendo a verdade. Tinha quase cem porcento de certeza que ela não me julgaria e acreditaria em no que lhe contaria. E eu precisava dividir isso com alguém depois de tanto tempo, já não dava mais para esconder. O processo já havia começado e eu só consegui apensar em uma maneira de pará-lo.
Observei-a voltando e sua expressão era de tranquilidade. Não parecia abalada, nem preocupada e me disse que Daniel estava bem, mas um pouco assustado com o que havia acontecido e que queria saber o porquê que eu tentei sufocá-lo com uma almofada no sofá da sala. Fiquei sem saber palavras e sem chão, apesar do que fiz, eu amava o meu filho. Desde o primeiro dia que soube que eu estava grávida eu o amei e apesar de saber o que poderia acontecer, eu o amei incondicionalmente durante todos esses sete anos. Eu só não queria que as coisas tivessem chegado a esse ponto. Na verdade, eu fui covarde, se eu tivesse tido a coragem que tive hoje, anos atrás, nada disso teria acontecido. O trauma seria bem menor, somente eu sofreria, ninguém mais. Infelizmente, não tinha mais como adiar, eu sabia que alguma coisa precisava ser feito, do contrário pessoas se machucariam. O inevitável aconteceu.
— Tudo bem Carol, mas eu preciso que você me escute de mente aberta e principalmente não me interrompa, acho que não conseguirei continuar se eu parar.
Carol concordou e colocando sua mão sobre a as minhas, as apertou, me transmitindo a segurança que eu precisava para lhe contar uma parte da minha vida que havia escondido dela por tantos anos e que nunca tive coragem de lhe contar a verdade a ninguém. Então, comecei o meu relato...